umma: agosto 2010

(por Renata Zschaber)

A 9ª edição do Festival Lixo e Cidadania acontece em Belo Horizonte de 16 a 21 de Agosto. Serão seis dias com uma programação que vai além dos tão esperados shows na Serraria Souza Pinto.

Para os interessados em desenvolvimento urbano e inclusão social, o evento contará com várias oficinas, mostras de filmes e conferências abordando assuntos diversos dentro desta temática, tais como sustentabilidade, economia solidária e políticas nacional e estadual dos resíduos sólidos urbanos.

O Festival ainda conta com um debate com a participação dos candidatos ao governo de Minas Gerais. O debate acontece no primeiro dia do festival às 19:30 na Serraria Souza Pinto. Quem puder participar será uma ótima oportunidade para descobrir o que os políticos andam pensando a respeito de um tema tão importante para a nossa cidade!

Para mais informações, e para aqueles que só querem saber dos shows mesmo (que já adianto que estão excepcionais) , é só acessar: www.festivallixoecidadania.com.br/

por Janaina Marx

Com o crescimento das cidades, antigas áreas industriais, galpões comerciais, ferrovias, lixões, zonas portuárias e minerações que antes se encontravam nas bordas das cidades, vem sendo incoporados pela cidade.

Quando estas áreas estão abandonadas ou ociosas, o resultado é a degradação física e ambiental do local e do entorno, configurando uma paisagem acinzentada marcante.

O primeiro passo para reativar estas áreas é entender o processo. Como elas se formaram e como chegaram ao estado atual. Se olharmos o Google earth observamos grandes áreas verdes: os GRENFIELDS, as áreas de cultivo, parques e reservas florestais e marrons: os BROWNFIELDS, as áreas industriais e as infra-estruturas desativadas.

Foto aérea google exemplificando os greenfields e os browfields

No caso do meu trabalho final, procurei uma área indústrial em Contagem. O distrito industrial de Contagem foi criado em 1941, para superar o atraso industrial do estado e em 1960 Minas já era o maior núcleo industrial do Brasil. Na década de 80, houve uma mudança no perfil industrial e com isto a perda dos setores industriais tradicionais e a expansão para outros segmentos.

Situação das indústrias no município de Contagem, Minas Gerais

A antiga Lafersa, indústria de ferro gusa, situada entre as avenidas Babita Camargos, General David Sarnoff e Castelo Branco, já trazia problemas ambientas para os moradores e por este e outros motivos políticos foi desativada.

Reportagens no jornal da cidade de Contagem

Para este projeto, que vocês podem conhecer aqui busquei alternativas para recuperar o solo e tratar a água (do córrego, do pequeno lago e das águas pluvias), conciliando sempre estas alternativas com o projeto arquitetônico.

Estruturas identificadas na área

As soluções que encontrei depois de conversar com algumas pessoas da área foram relativamente simples e viáveis. Uma das alternativas que encontrei foi a utilização de algumas espécies vegetais para a recuperação do solo – FITORREMEDIAÇÃO - e limpeza da água –FITOTRATMENTO. Estas técnicas estão sendo muito estudadas, existe muita pesquisa nesta área e sempre são apontadas como uma solução economicamente viável e eficaz. Idéias que podem ajudar muito arquitetos e paisagistas a melhorar a qualidade ambiental da área de intervenção, sabendo apenas escolher espécies corretas, ou conjugar espécies para que ocorra uma renovação natural do solo. Como faziam antigamente na agricultura, a rotação de culturas.

A FITORREMEDIAÇÃO, consiste em utilizar algumas espécies de plantas, em geral são leguminosas, que ajudam a retirar toxinas presentes do solo contaminado. Pode acontecer de várias maneiras, através da própria planta ou dos microorganismos presentes nas raízes, eles retem as toxinas e podem remover, capturar ou degradar estas toxinas.

Esquema de funcionamento da Fitoremediação

Já o FITOTRATAMENTO, tem mais ou menos os mesmos princípios da fitorremediação no entanto é utilizado para limpar a água. Neste caso as plantas que ficam em uma lagoa de manejo funcionam como o filtro mecânico que retem partículas orgânicas e minerais em suas raízes. Isto cria um ambiente rico em alimento para fungos e microorganismos que degradam este material retido atuando desta maneira como agente despoluídor, reduzindo a turbidez das águas e a taxa de coliformes fecais. Nesta técnica a lagoa de manejo deve ser monitorada pois o crescimento desordenado pode atrapalhar o processo. A planta mais utilizada para o fitotratamento é o aguapé.

Esquema de funcionamento da lagoa de manejo para o Fitotratamento

No caso desta área também me preocupei com a recuperação da mata ciliar, selecionei duas idéias bem legais, do projeto MANUELZÃO. A primeira é uso de de ESTACAS VIVAS, que utiliza espécies de plantas com raízes axiais, que ajudam a conter a erosão e evitar o assoreamento do leito do rio ou córrego.

Esquema do plantio das estacas vivas

A segunda são intervenções ao longo das margens dos rios, como do esquema abaixo. Estes pequenos desvios no leito no rio provocam diferenças nos fluxos e no volume de água e desta maneira auxiliam a remoção do material que provoca o assoreamento.